Abandonado pela mãe, esse era o sonho do jovem que se entregou à mort… Ver mais

Em uma tarde ensolarada de sábado, um jovem de apenas 19 anos escalou a grade de proteção do zoológico municipal e invadiu a jaula dos leões. O que para os visitantes parecia um ato de loucura ou desespero era, na verdade, a explosão de um sonho que ele carregava desde criança. Enquanto os funcionários corriam com armas de tranquilizante e o público gritava em pânico, o rapaz caminhou calmamente em direção aos animais, com os braços abertos, como quem finalmente encontra o destino que sempre buscou.

Desde os sete anos de idade, ele passava horas na frente da televisão assistindo a documentários sobre domadores de circo da velha guarda. Repetia mentalmente cada gesto dos lendários Hagenbeck e Gunther Gebel-Williams, imaginando-se no centro da pista, com o chicote na mão e os leões rugindo em harmonia ao seu comando. Em sua casa humilde na periferia, treinava com os gatos de rua do bairro, estalando os dedos e dando ordens que só ele acreditava serem obedecidas. Para ele, domar leões não era profissão – era vocação.

Nos abrigos, era rotulado como “problemático”. Fugiu várias vezes, sempre em direção aos lugares onde pudesse ver animais grandes de perto. Já havia sido expulso de dois zoológicos por tentar alimentar os ursos com restos de lanche e por escalar cercas só para “sentir o cheiro da liberdade” dos bichos enjaulados. Os psicólogos diziam que ele buscava nos leões a força e a lealdade que nunca encontrou nos humanos. Ele apenas respondia que os leões, pelo menos, não mentem.

Naquele dia fatídico, o jovem não carregava arma nem intenção de machucar os animais. Queria apenas provar a si mesmo que era capaz de ser visto, respeitado, temido e, quem sabe, amado por aquelas feras. Quando o maior dos leões, um macho idoso chamado Sultão, avançou em sua direção, o rapaz não recuou. Manteve os olhos fixos nos do animal, como aprendera nos vídeos, e estendeu a mão. Por alguns segundos que pareceram eternos, o leão parou. Foi o momento mais próximo que ele já chegou de realizar seu sonho.

Os tranquilizantes acertaram-no antes que pudesse tocar o focinho do leão. Ele caiu de joelhos, ainda sorrindo, enquanto perdia a consciência. Levado às pressas para o hospital, sobreviveu com ferimentos leves e uma história que correu o país. Internado novamente, dessa vez em uma ala psiquiátrica, ele repete para quem quiser ouvir que não se arrepende. “Eles me olharam nos olhos”, diz. “Pela primeira vez na vida, alguém me levou a sério.”

Hoje, aos cuidados de uma equipe que finalmente parece entender a profundidade de sua dor, o jovem começa a aceitar que talvez não precise entrar na jaula para ser grande. Talvez baste reconhecer que o verdadeiro leão que precisa ser domado sempre esteve dentro dele – um animal ferido pelo abandono, mas ainda capaz de rugir. E, quem sabe, um dia, de encontrar alguém disposto a ouvir.