
A primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, decidiu se posicionar publicamente nesta segunda-feira (15/12) após a repercussão de declarações feitas pelo cantor sertanejo Zezé Di Camargo envolvendo o SBT. O episódio, que começou nos bastidores da televisão, rapidamente ultrapassou o universo artístico e passou a ocupar espaço no debate político e social nas redes.
A controvérsia teve início depois que Zezé anunciou o rompimento com a emissora, motivado pela participação de autoridades no evento de lançamento do SBT News, novo canal jornalístico do grupo. Entre os presentes estavam o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a própria Janja e o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.
Críticas do cantor e reação imediata
Em vídeos divulgados nas redes sociais, Zezé Di Camargo criticou a presença de figuras políticas no evento e afirmou que a atual gestão do SBT estaria se afastando dos valores defendidos por Silvio Santos, fundador da emissora, que morreu em 2024. O tom da fala chamou atenção, especialmente quando o cantor afirmou que as filhas do apresentador estariam “prostituindo” o canal ao abrir espaço para autoridades.
A declaração provocou reação imediata e dividiu opiniões. Enquanto parte do público apoiou o posicionamento do artista, outro grupo considerou a fala ofensiva e desproporcional, sobretudo por direcionar críticas pessoais às herdeiras da emissora.
Janja classifica fala como misógina
Ao se manifestar, Janja foi direta ao criticar o conteúdo e o tom das declarações de Zezé. Em publicações nos stories de seu perfil no Instagram, a primeira-dama classificou a fala como misógina e carregada de machismo, apontando que esse tipo de discurso ainda é recorrente quando mulheres ocupam posições de poder e tomada de decisão.
Segundo Janja, o episódio não se resume a uma divergência de opinião, mas reflete uma cultura que tenta deslegitimar mulheres em cargos de liderança. Para ela, a forma como o cantor se referiu às filhas de Silvio Santos ultrapassou os limites da crítica e reforçou estereótipos antigos.
Defesa do papel da imprensa e do pluralismo
Ainda em suas declarações, Janja destacou que dar espaço a autoridades não significa alinhamento político. “Dar voz a autoridades não é se vender, é exercer o papel da imprensa”, resumiu. A primeira-dama afirmou que veículos de comunicação devem ouvir diferentes atores institucionais, independentemente de posições ideológicas, especialmente em um ambiente democrático.
O lançamento do SBT News, segundo participantes do evento, buscou justamente reforçar a pluralidade. A cerimônia reuniu representantes dos três Poderes, algo que foi citado por aliados da emissora como um sinal de abertura ao diálogo em meio à polarização política.
Evento reuniu autoridades de diferentes espectros
Além do presidente Lula e de Janja, o lançamento contou com a presença do vice-presidente Geraldo Alckmin, de ministros como Fernando Haddad, Jorge Messias e Ricardo Lewandowski, além dos ministros do STF Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes. Também estiveram presentes o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e o ministro do Tribunal de Contas da União Bruno Dantas.
Durante o evento, Lula fez um discurso de tom nostálgico ao lembrar de Silvio Santos, que completaria 95 anos naquela data. O presidente ressaltou a importância do apresentador para a televisão brasileira e destacou a trajetória acompanhada por milhões de brasileiros ao longo de décadas.
Forma da crítica amplia desgaste
Mesmo diante desse contexto, Zezé Di Camargo manteve o discurso crítico e afirmou que a presença das autoridades não representava seus valores pessoais. Para analistas e também para a primeira-dama, o principal problema não foi a discordância em si, mas a forma como ela foi expressa, com ataques personalizados e termos considerados ofensivos.
A escolha das palavras acabou intensificando a reação pública e ampliando o desgaste do cantor, gerando manifestações de apoio às filhas de Silvio Santos e à atual gestão do SBT.
Debate vai além da televisão
No desfecho, a polêmica revelou um debate que extrapola a relação entre artista e emissora. O episódio reacendeu discussões sobre machismo, responsabilidade no discurso público e a resistência enfrentada por mulheres em cargos de comando. Também evidenciou como posicionamentos de figuras conhecidas ganham proporções amplas em um ambiente digital marcado por polarização e reações imediatas.
Se a intenção inicial era apenas criticar uma decisão institucional, o resultado foi um debate mais profundo sobre limites, respeito e o peso das palavras no espaço público.
Confira:
