Com soluços e agravamento em seu quadro clínico, Bolsonaro faz novo pedido a Alexandre de Moraes

Com uma crise persistente de soluços, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) solicitou autorização ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para realizar uma bateria de exames médicos. Desde 4 de agosto, por determinação do próprio Moraes, Bolsonaro cumpre prisão domiciliar, situação que já vinha chamando atenção, mas ganhou contornos mais preocupantes depois que seu estado de saúde piorou apenas três dias após a detenção.

Segundo relatos da defesa, o incômodo não se limitou aos soluços: o ex-presidente apresentou sintomas que levaram seus médicos a pedir acompanhamento mais frequente. O objetivo, de acordo com a equipe, é identificar a origem do problema e ajustar o tratamento já em andamento.

Com o sinal verde do ministro, a equipe responsável listou uma série de procedimentos considerados essenciais no momento. Entre eles, estão coleta de sangue para exames bioquímicos, coleta de urina e até uma endoscopia digestiva alta, motivada por um diagnóstico classificado no CID-10 como K20 (esofagite).

Não para por aí: foram solicitadas também três tomografias computadorizadas — de tórax (CID J15, relacionado a pneumonia bacteriana), de abdome (CID K46.9, hérnia abdominal não especificada) e de pelve (CID K56, obstrução intestinal). Além disso, um ecocardiograma transtorácico para avaliar possíveis complicações de hipertensão (CID I10) e duas ultrassonografias: uma doppler das carótidas (CID I65.2) e outra da próstata e vias urinárias (CID N40).

Segundo o laudo encaminhado à Justiça, “a solicitação decorre da necessidade de reavaliação dos sintomas de refluxo e soluços refratários, bem como da verificação das condições atuais de saúde”. Em resumo: querem entender o que está acontecendo de forma mais completa, já que os sintomas não têm cedido.

O pedido também especifica data e local. A previsão é que os exames ocorram no sábado, dia 16 de agosto, no Hospital DF Star, em Brasília, com permanência estimada entre seis e oito horas. Dependendo dos resultados, não está descartada a realização de exames complementares ou até ajustes mais drásticos no tratamento.

Enquanto isso, a vida na prisão domiciliar segue movimentada. Desde que Bolsonaro foi detido, 33 pedidos de visita chegaram às mãos de Moraes, feitos por parlamentares, dirigentes do PL e figuras de outros partidos de direita. Entre eles, senadores, deputados e aliados históricos. O endereço da reclusão — um condomínio no Jardim Botânico, no Distrito Federal — acabou se tornando ponto de interesse político, com direito a idas e vindas de advogados e familiares.

Do total de solicitações, 10 já receberam o aval do ministro. E junto ao pedido para a bateria de exames, Bolsonaro também requereu autorização para receber a visita de quatro nomes específicos: o senador Rogério Marinho, o deputado federal Altineu Côrtes, o vice-prefeito de São Paulo Ricardo Augusto Nascimento de Mello Araujo e o deputado paulista Tomé Abduch.

O caso, claro, gerou repercussão imediata nas redes sociais e na imprensa, com apoiadores alegando perseguição política e críticos apontando que o tratamento dado ao ex-presidente é mais brando que o de outros investigados. Vale lembrar que, nos últimos anos, Bolsonaro já enfrentou internações relacionadas a complicações abdominais, desde a facada sofrida em 2018 até episódios mais recentes de desconforto intestinal e obstruções.

No meio disso tudo, a política segue respirando — ou engasgada, dependendo do ponto de vista. O sábado marcado para os exames promete não só ser um dia de respostas médicas, mas também de movimentação nos bastidores, com aliados atentos a qualquer notícia que possa mudar o rumo da narrativa em torno do ex-mandatário.