
Nesta sexta-feira, 25 de julho, o coração do Rio de Janeiro pulsa diferente. O Theatro Municipal, palco de grandes momentos da cultura brasileira, se transforma em cenário de despedida para uma das artistas mais autênticas e influentes do país: Preta Gil, que faleceu aos 50 anos, após uma batalha corajosa contra o câncer. A cerimônia aberta ao público promete reunir fãs, amigos e admiradores para um último tributo à cantora que quebrou paradigmas e levou representatividade para os palcos, para a mídia e para os blocos de Carnaval.
O último desejo de uma artista irreverente: onde está o trio?
Em vida, Preta Gil deixou claro como gostaria de ser lembrada. Em uma entrevista de 2015, ela foi categórica: “Quero uma micareta real. Se a Ivete for depois de mim, bota ela, mesmo velha e gagá, em cima do trio.” A frase ressoou nas redes sociais logo após o anúncio de sua morte, viralizando no X (antigo Twitter) e transformando-se em um apelo coletivo: “Ivete, você tem uma missão.”
A ideia de uma despedida com trio elétrico, música e alegria fazia parte da essência de Preta: vibrante, livre, e sempre disposta a celebrar a vida, mesmo diante da dor. No entanto, a família decidiu por uma cerimônia mais intimista, realizada apenas no Theatro Municipal, das 9h às 13h, sem cortejo pelas ruas.
Homenagem oficial: Prefeitura do Rio eterniza o nome de Preta no Carnaval
Apesar da ausência do cortejo carnavalesco, a cidade do Rio de Janeiro encontrou uma forma simbólica — e poderosa — de eternizar o legado da artista. O prefeito Eduardo Paes oficializou a mudança do nome do circuito dos megablocos do Carnaval carioca para Circuito Preta Gil, um reconhecimento à contribuição inestimável da cantora para a folia de rua.
O “Bloco da Preta”, criado por ela, se tornou um dos maiores do Brasil, reunindo multidões e quebrando barreiras com alegria, diversidade e representatividade. A homenagem publicada no Diário Oficial do Município no dia 22 é um marco histórico e uma forma concreta de manter sua presença viva no cenário cultural da cidade que ela tanto amava.
O legado de uma mulher além da música: liberdade, coragem e autenticidade
Preta Gil foi muito mais que uma cantora. Foi símbolo de empoderamento, de corpo livre, de autenticidade sem filtros. Lutou por causas sociais, representou minorias com coragem e viveu cada etapa da vida com intensidade rara. Sua despedida, ainda que sem trio, é uma celebração à sua história — repleta de amor, música, irreverência e luta.
A ausência da micareta final não silencia seu legado. Ao contrário: amplia o eco de sua voz, eterniza sua presença e transforma saudade em força. Preta se foi, mas continuará sendo referência, inspiração e, acima de tudo, uma lembrança viva de que a vida — como ela dizia — é feita para ser celebrada.